Por Prof. Marcus Nakagawa, D.Sc. – Coordenador do curso Business Sustainability for Leaders (SUNY Albany)
Logo mais, de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém do Pará, no Brasil, teremos a COP30, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. Mais de 190 países estarão reunidos para discutir caminhos de ação diante da crise e emergência climática, em um encontro que vai além da política, cujas decisões influenciarão investimentos, regulações e estratégias de negócios em escala global. Investimentos em energia verde, mercado de carbono, transição limpa, inclusão e diferenças entre os países, entre outros temas, estarão na pauta para responder aos desafios da nossa realidade atual.
O simbolismo de realizar a conferência no coração da Amazônia reforça a urgência do tema. O futuro das florestas tropicais, fundamentais para o equilíbrio climático do planeta, será debatido diante do mundo inteiro. A vivência nesse território por delegados de diversos países, empresários, políticos, empreendedores, povos originários, militantes e ativistas poderá ainda explicitar as dificuldades e desigualdades sociais.
O que está em jogo para empresas e gestores
A COP30 no Brasil não se restringe a negociações diplomáticas. Seus resultados terão impacto direto em empresas, investidores e consumidores.
Um dos pontos centrais será o financiamento climático, guiado pelo Baku–Belém Roadmap (plano internacional que busca definir como países e investidores ampliarão recursos para a transição climática). A meta é mobilizar cerca de 1,3 trilhão de dólares por ano até 2035 para apoiar energia limpa, preservação ambiental e adaptação às mudanças do clima (C2ES).
Para lideranças empresariais, essa agenda reforça que sustentabilidade não é custo: é responsabilidade estratégica e condição de competitividade. Além de oportunidade de novos negócios, produtos e serviços.
Tropical Forest Forever Facility (TFFF): uma proposta inovadora
Entre as iniciativas em destaque está o Tropical Forest Forever Facility (TFFF), proposto pelo governo brasileiro. O fundo pretende captar 125 bilhões de dólares e usar seus rendimentos para recompensar países que mantêm florestas tropicais preservadas. Um marco para as questões da economia ecológica sendo colocada em prática.
Um diferencial importante é a previsão de destinar 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais, protagonistas na proteção da Amazônia e de outros biomas tropicais (Ministério da Fazenda do Brasil). A inclusão dessas populações é essencial para enfrentar as desigualdades e responder à emergência climática.
Especialistas, no entanto, lembram que o valor de referência pode ser insuficiente e alertam para a importância de garantir transparência e governança participativa no uso dos recursos (Global Forest Coalition, FERN).
O papel das empresas diante da COP30
A COP30 em Belém deve chamar atenção para tendências que já influenciam líderes e empresas em todo o mundo e que temos discutido muito na Academia, nas consultorias, nas palestras e nas empresas:
- Sustentabilidade como estratégia – empresas alinhadas a compromissos climáticos estarão mais preparadas para riscos e oportunidades.
- Transparência como valor – investidores e consumidores exigem clareza sobre impactos sociais e ambientais.
- Parcerias como caminho – fundos internacionais, governos e setor privado precisarão atuar juntos para gerar soluções escaláveis.
- Liderança como inspiração – cabe aos líderes engajar equipes e transformar compromissos em prática concreta.
A formação de líderes sustentáveis
Escolas de negócios também têm um papel fundamental nesse processo. Formar gestores capazes de transformar resoluções internacionais em estratégias executáveis é essencial para o futuro das organizações.
Na IBS Americas, o curso Business Sustainability for Leaders, realizado em parceria com a State University of New York, prepara executivos de diferentes países para integrar sustentabilidade empresarial ao planejamento estratégico, com visão internacional e networking de alto nível.
A COP30 no Brasil será um marco das negociações climáticas globais. Mas seu verdadeiro legado dependerá da capacidade de empresas, governos e instituições de ensino de transformar compromissos em ação. É uma nova mentalidade que está sendo inserida dentro de um modelo de negócio tradicional, estamos transitando do Business As Usual, para o negócio de impacto positivo.
Para líderes empresariais, a mensagem é clara: em um mundo em transição, liderar de forma sustentável não é apenas uma escolha ética, mas uma exigência do mercado e uma condição para o futuro. E quem não estiver preparado estará fora do mercado.










